Recorde as respostas do agora Presidente eleito do Botafogo, Carlos
Eduardo Pereira, para 15 questões encaminhadas pelo blog aos candidatos, cuja publicação ocorreu no dia 05 de novembro:
1) O que o motivou a se candidatar à Presidência do Botafogo?
CARLOS EDUARDO: Certamente ocupar este cargo é um privilégio para
qualquer botafoguense. Mas minha indicação veio de um consenso dos membros do
MAIS BOTAFOGO e do BOTAFOGO ACIMA DE TUDO E pode ser considerada como um
desdobramento natural de nossa participação das últimas eleições.
Tenho 56 anos, sou empresário, filho de botafoguense, casado com uma
botafoguense que conheci em General Severiano e já frequentava nossa sede desde
os primeiros anos de vida, convivendo com os craques dos anos 60.
Nossa volta a General Severiano sempre foi um grande sonho pessoal.
Participei da luta pelo tombamento da sede e tive o privilégio de ter sido o
autor da proposta de criação da Comissão para Volta no Conselho Deliberativo e
participei dos trabalhos desta Comissão que nos trouxe de volta.
Fui VP Administrativo pelas próximas gestões, quando ganhamos a Copa
Conmebol, em 1993 e VP Geral na de Carlos Augusto Montenegro, quando ganhamos o
Campeonato Brasileiro de 1995.
Fui eleito Benemérito em 1994, participo ativamente da vida do Clube e
concorri, representando a Chapa MAIS BOTAFOGO às eleições de 2011, obtendo
quase 30% dos votos. Daí em diante, seguimos alertando os Conselheiros e
associados botafoguenses para os dias difíceis que estavam por vir, fruto da
incapacidade gerencial desta Diretoria.
2) Caso seja eleito, qual a primeira ação que tem em mente como gestor
do clube?
CARLOS EDUARDO: Iremos visitar o plantel e a Comissão Técnica do Futebol para
agradecer-lhes todo empenho e dedicação que têm demonstrado, dizer que não
estarão mais sozinhos na luta pela permanência na Série A e reiterar nossa
confiança de que são capazes de atingir este objetivo essencial para o Clube.
3) Após assumir o clube, buscará os candidatos derrotados para que
possam aglutinar forças em prol do clube?
CARLOS EDUARDO: Nossa Chapa estará aberta ao diálogo com os membros
de todas as outras e com os associados e torcedores em geral.
No atual momento político e financeiro do clube, não podemos abrir mão
dos botafoguenses que estejam prontos para ajudar e não tenham tido
participação nos atos desta gestão. Obviamente que tal ajuda deve estar
condicionada aos valores que regem esta candidatura e nosso Plano de Gestão,
quais sejam: o compromisso com a ética e com a transparência administrativa; a
responsabilidade fiscal, a eficiência na aplicação dos recursos do clube, busca
e ampliação de parcerias comerciais, priorização das categorias de base do
futebol e a montagem de um time combativo, dentro de nossas tradições
vitoriosas do clube.
Entretanto, gostaria de deixar registrado que, com esta gestão, não há
composição possível.
4) Em sua opinião, atualmente qual a principal prioridade do Botafogo?
CARLOS EDUARDO: Sem dúvida alguma é o setor financeiro e o
equacionamento das pendências fiscais, trabalhistas e cíveis, sem o que não
teremos como gerenciar o Clube. O BOTAFOGO hoje encontra-se em estado de
insolvência de fato, e isso precisa ser revertido o mais rapidamente possível.
Em seguida, o futebol como um todo, da base ao time principal e a
captação de novos recursos e patrocínios, sem os quais nada se consegue.
5) Planos relacionados ao Engenhão, assim que estádio for devolvido ao
clube?
CARLOS EDUARDO: A questão do Engenhão ainda está muito nebulosa e
será abertamente esclarecida por nós. A forma como a interdição do estádio
ocorreu e a inércia do Clube diante dos fatos foram realmente perturbadoras. Os
sócios e a torcida do BOTAFOGO merecem que tudo seja muito bem apurado e
divulgado.
O Engenhão é a casa do BOTAFOGO e já estamos realizando prospecções e
estudos que indiquem a necessidade de novos parceiros comerciais para explorar
economicamente o estádio, seja através do uso da área para esportes, shows e
eventos, dos espaços publicitários ou dos naming rights, especialmente
considerando que ele será o estádio olímpico de 2016. Podemos garantir aos
botafoguenses que o Engenhão certamente deixará de ser um estádio vermelho e
neutro para ostentar as nossa cores, como fazem os grandes clubes com seus
estádios em todo o mundo.
Dito isso, não deixo de lamentar pelo fato da Diretoria do BOTAFOGO não
ter tomado uma posição enérgica em defesa dos interesses do BOTAFOGO.
6) O que pensa sobre uma possível cogestão do Engenhão, conforme foi
noticiado?
CARLOS EDUARDO: Precisaremos conhecer exatamente as relações
existentes entre o BOTAFOGO e a operadora, pois já foi feito um empréstimo de
mais de R$ 20 milhões sem a aprovação dos órgãos do Clube(Conselhos Fiscal e
Deliberativo).
Qualquer decisão deverá estar amparada num plano de negócios vantajoso
para o BOTAFOGO.
7) Sobre a situação financeira, o que pensa das ações do clube em
relação ao Ato Trabalhista, REFIS, Proforte?
CARLOS EDUARDO: A dívida do clube hoje gira em torno de 750 milhões
de reais. O principal problema dessa dívida está nos juros gerado por ela.
Temos três tipos distintos de dívida: fiscal, trabalhista e cível.
A dívida fiscal é a mais inflexível e de difícil negociação. Por conta
de um princípio jurídico chamado de “indisponibilidade do interesse público”,
não há praticamente nenhum espaço para negociação com os servidores públicos de
carreira do Governo, por portaria. Toda negociação deve ser aprovada em lei.
Isso cria uma gigantesca amarra para o clube. Somente com a aprovação do
ProForte teremos chance de obter melhores condições, pois, como é de
conhecimento público, o atual Presidente do Botafogo deixou de recolher
tributos de maneira irresponsável, contando com uma grande anistia que não
aconteceu. Com o parcelamento da dívida em até 25 anos, esperamos que a parcela
de pagamento mensal não ultrapasse o equivalente a um milhão por mês. O Clube
acaba de inscrever-se no REFIS e o Clube obteve uma fonte de financiamento
externa com a garantia de todos os candidatos a Presidente.
A dívida trabalhista é mais flexível, mas nem tanto, pois os sindicatos
e a justiça do trabalho costumam não liberar a livre-negociação no pagamento de
dívidas entre patrão e empregado, especialmente quando a causa já está posta na
justiça e com sentença definitiva. O ato trabalhista é uma solução, mas devemos
atentar quanto aos juros cobrados pela justiça do trabalho, notadamente altos e
bem maiores que a média de juros obtida no mercado financeiro. Caso a parcela
mensal a ser depositada no TRT venha a ser muito alta, teremos de buscar a
mesma solução a ser encontrada para as dívidas cíveis. Outras medidas que
tomaremos:
- Fazer uma “due diligence” da Dívida, de modo a avaliar exatamente o
seu valor e o seu perfil;
- Alongar o perfil da dívida de curto prazo, por meio de negociação
realista com credores;
- Examinar detalhadamente os contratos atuais do clube, procurando
renegociar ou rescindir aqueles que não tragam benefícios reais ou prejuízos ao
clube;
- Elaborar um planejamento tributário, a ser rigorosamente seguido;
- Trabalhar com orçamentos realísticos e fortalecer os processos de
controladoria, de modo a garantir que a execução orçamentária não produza
déficits nos demonstrativos de resultados;
- Controlar as receitas e despesas por centros de custo, de modo a
manter no clube apenas atividades superavitárias ou autofinanciáveis;
- Planejar uma gestão por objetivos de curto, médio e longo prazo, que
demonstre a viabilidade econômica do Clube e facilite a negociação com
possíveis investidores que tragam dinheiro novo para o clube;
- Reconquistar a credibilidade no mercado pela transparência,
responsabilidade e eficácia da gestão econômica-financeira do clube.
8) Como avalia a gestão Maurício Assumpção?
CARLOS EDUARDO: A reeleição mais uma vez fez mal
ao BOTAFOGO e nosso compromisso é promover uma reforma estatutária que a
proíba. Depois de 3 anos razoáveis, sustentados por muito marketing pessoal, o
atual presidente e seus companheiros, que hoje estão na chapa azul, perderam-se
completamente e estão chegando ao final do mandato de forma melancólica.
Deveriam ter renunciado mais cedo e poupado o Clube de um ano para ser
esquecido. Mas pior, ainda pretendem permanecer conduzindo o Clube através da
chapa azul, o que, por certo, os associados não permitirão.
9) Como recuperar a confiança do torcedor, após um ano de tanta
humilhação, com pior campanha em estaduais, última posição no grupo da
Libertadores, eliminado com goleada na Copa do Brasil e lutando para não cair
no Brasileiro?
CARLOS EDUARDO: O torcedor do BOTAFOGO é ÚNICO e forte o bastante
para superar mais estes momentos difíceis.
Entendemos que é essencial um choque de transparência e credibilidade,
para que todos os botafoguenses se unam na luta pela recuperação do Clube. Para
que este compromisso seja duradouro, nossas ações precisarão ser divulgadas e
entendidas por todos. Ninguém será comissionado, terá favores ou privilégios.
Os botafoguenses verão que o Clube vai iniciar um novo tempo.
10) Poucos jogos em tv aberta acabam dificultando a conquista de
patrocinadores. Como trabalhar isso junto à emissora de televisão?
CARLOS EDUARDO: Vamos dialogar com a televisão
pois entendemos que a diferença existente entre a remuneração dos grandes
Clubes é exageradamente grande e nos dispomos a debater este tema. Não custa
lembrar que foi exatamente o atual Presidente, hoje representado pela chapa
azul, que fez a péssima negociação que resultou no fim do Clube dos Treze e do
baixo crescimento de nossas receitas.
11) Acredita que o time atual conseguirá evitar o rebaixamento? Caso não
consiga (batendo na madeira aqui), está preparado para encarar mais esta
situação?
CARLOS EDUARDO: Confio no empenho e dedicação de nossa equipe e
Comissão Técnica, que estão se empenhando, mesmo sem receber em dia. Qualquer
que seja o desfecho esportivo do Brasileirão, estaremos empenhados na
elaboração do planejamento para o Carioca de 2015, para apagarmos a péssima
campanha de 2014, a pior de toda a nossa história.
12) Projeto concreto para o CT da base?
CARLOS EDUARDO: Sempre defendemos a criação de um centro de
treinamento único, integrando os profissionais e as divisões de base, fazendo
assim uma sinergia entre esses dois setores para uma completa verticalização do
Departamento de Futebol e melhor adaptação dos métodos de treinamento dos
atletas, quando da passagem de categoria.
Essa medida é praticada pela maioria dos grandes clubes do mundo, e
também reduz custos de maneira significativa, otimizando nossos conhecidos
parcos recursos. De certo forma, foi uma sorte que as diversas “pedras
fundamentais” lançadas pelo atual Presidente ao longo de seis anos, não tenham
resultado na construção de nenhum CT, pois isso poderia ter significado o
investimento em uma estrutura excessivamente cara e ineficiente. Estaremos
abertos para investimentos conjuntos que permitam a implementação do projeto ao
longo de 2015.
13) Com a situação financeira atual, qual o nível de elenco que pretende
montar para 2015?
CARLOS EDUARDO: Temos poucas receitas disponíveis para 2015, pois a
maioria já está comprometida com dívidas.
Entendemos que muitos Clubes não conseguirão manter plantéis de
altíssimo investimento e prevemos um ano de transição que irá nos favorecer.
Certamente teremos um time competitivo e mesclando experiência, talento e
juventude.
14) Se eleito, pretende procurar Jefferson para tentar mantê-lo no
clube?
CARLOS EDUARDO: A permanência do Jefferson é
essencial para a retomada de nossas atividades em 2015. Tanto pelo grande
atleta que é, pela condição de titular da seleção brasileira e pelo caráter
internacional que dá ao nosso plantel. Essencial.
15) Sócio torcedor com direito a voto, sim ou não?
CARLOS EDUARDO: SIM.
A democratização do clube para todos os botafoguenses é essencial, e
vamos sim fazer um programa de sócio não-proprietário que tenha direito a votar
e a ser votado nas eleições internas do clube. A ideia é segmentar os planos de
sócio de acordo com a preferência do torcedor, que é o nosso grande cliente. O
torcedor que quiser ter direito a voto paga um valor determinado. Outro que
quiser ter acesso ao clube social paga mais um valor. O que quiser ter apenas
acesso ao estádio paga outro valor, e assim sucessivamente. O nosso
sócio-torcedor-cliente terá um cardápio de opções à disposição dos
botafoguenses para customizar o plano de sociedade que melhor lhes convier,
impulsionando assim as receitas do clube e gerando direitos, conforto e
praticidade para nossos torcedores.
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